Carta de Vasco de Castro Lima

Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 1991
Prezado poeta José Antonio Jacob:

Gosto das suas imagens, do ritmo de seus versos, da firmeza de suas rimas. Rimas simples e naturais, sem sofisticação. As rimas difíceis, principalmente em excesso, complicam as mensagens dos poetas e a própria estrutura poemática...

Você sabe interpretar seus pensamentos e como distribuir as expressões no bojo das estrofes...

E isto é muito significativo nos sonetos, pois se trata de um gênero tido como o mais difícil na poesia clássica...

Enquanto lhe permitirem os vagares, cultive essa arte sublime, grata aos que colocam a alma e o coração acima dos imediatos interesses terrenos.

Agradeço-lhe por ter proporcionado a mim o ensejo de ler versos seus, como estes:

“Depois seguimos rumos diferentes:
Eu regressei na estrada da lembrança
E ela seguiu nos braços do destino”
(“Desencontro”)

“Pelo longínquo azul de outras esferas
Sigo, vagando em tardes pensativas,
No vôo inatingível das idéias...”
(“Idéias”)

“E, no silêncio antigo das aldeias,
Nessas paragens que me são alheias
Rocei a face triste da saudade!...
(“Paisagem”)

“O tempo passa (o tempo que não dorme)
E a vida andando, tarde sobre tarde,
Sem abalar essa humildade enorme.”
(“Almas Raras”)

Depois, no decorrer dos desenganos,
Retrocedi no tempo muitos anos,
Mas não achei meus sonhos nunca mais.”
(“Desenganos”)

“Pois, sendo deusa, eu te venero tanto,
Fosses humana, eu te amaria mais!...”
(“Alegoria”)


Com admiração e muito fraternalmente,

Vasco de Castro Lima

Da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro – Da Academia Brasileira de Jornalismo – Da União Brasileira de Trovadores – Da Casa do Poeta de São Paulo.



DESENCONTRO
José Antonio Jacob

Vivíamos em plena sintonia
Dos sentimentos leves e saudáveis.
Éramos jovens almas agradáveis
De afeto, de carinho e de alegria.

A paz intimamente nos sorria
Em saudações contínuas e amigáveis;
Os dias alongavam-se amoráveis,
Corria o tempo e a vida decorria.

Na ingenuidade dos adolescentes
Jamais soubemos da desesperança
Das trilhas, de um desvio repentino.

Depois seguimos rumos diferentes:
Eu regressei na estrada da lembrança
E ela seguiu nos braços do destino.

Rio de Janeiro, junho de 1981


IDEIAS
José Antonio Jacob

Espírito de tantas aventuras
Cintilas entre as coisas distraídas
Para iludir humanamente as vidas
Que por acaso estão noutras alturas.

De onde procedes e o que então procuras,
Dentre as inesperadas investidas,
Que aparecem em horas retraídas
E que razão por fim nos asseguras?

Deste-me, em parte, a herança das quimeras,
A lucidez das almas sensitivas
E a solidão das gerações ateias.

Pelo longínquo azul de outras esferas
Sigo, vagando em tardes pensativas,
No voo inatingível das ideias...

Juiz de Fora, maio de 1982


PAISAGEM
José Antonio Jacob

Resiste ao tempo, embora amarelada,
Uma paisagem de moldura rosa.
Decerto uma pintura afetuosa
Que alguma alma, suave e descuidada,

Deixou de lado. A mágoa pendurada
Na estampa, é a imagem muda e dolorosa
De uma vida que foi desventurosa
Impressa numa tela desbotada.

Um dia, nesse quadro descorado,
Entrei inteiro em busca do passado
Para entender a sua realidade.

E, no silêncio antigo das aldeias,
Nessas paragens que me são alheias
Rocei a face triste da Saudade.

Conceição do Castelo -ES, abril de 1983


ALMAS RARAS
José Antonio Jacob

As almas simples são as almas raras
De luz intensa e a projeção pequena,
Que nos circundam de maneira amena:
Como são nobres essas almas caras!

São os espíritos das outras searas,
Que pela vida passam numa plena
E esplêndida energização serena
De um vento pastoreando as nuvens claras.

O tempo passa, o tempo que não dorme,
E a vida andando, tarde sobre tarde,
Sem demover essa humildade enorme.

Gosto demais dessas criaturas boas
Que passam pela vida sem alarde:
Como nos fazem bem essas pessoas!

Juiz de Fora, junho de 1983


DESENGANOS
José Antonio Jacob

Vai longe, na memória da distância,
Mesmo assim achegou-me uma vontade
De reaver meus petrechos de saudade
Nos verdes arraiais da minha infância.

Devagar fui perdendo com a idade
O tom das cores e o éter da fragrância
Das flores que ficaram nessa estância
Que é o meu canteiro bom da mocidade.

É que eu saí da roça e andei descrente,
E lá deixei a última semente
Dos sonhos... ao verdejo dos quintais...

Depois, no decorrer dos desenganos,
Retrocedi no tempo muitos anos,
Mas não achei meus sonhos nunca mais.

Alegre -ES, janeiro de 1986


ALEGORIA
José Antonio Jacob

A esplêndida aquarela que te anima
E a luminosidade que ora emanas
Refletem a beleza cristalina
Das mais sutis fascinações humanas.

Essa energia intensa que ilumina
As tuas formas, santas e profanas,
É a mesma luz, helênica e divina,
Das divindades gregas e romanas.

Nessa tranqüila e eterna alegoria
Reluz em ti toda a mitologia
Das gerações longínquas e imortais.

Ainda assim é maior o teu encanto,
Pois, sendo deusa eu te venero tanto,
Fosses humana eu te amaria mais!

Juiz de Fora, setembro de 1988



O Livro
Índice do Poesia de Bolso

Páginas


Sonetos

7/ Desenho (Comentado)
8/ Sonho de Papel (Comentado)
9/ Florzinha (Comentado)
10/ Impulsão (Comentado)
11/ Bolhas de Sabão (Comentado)
12/ Fim de Jornada (Comentado)
15/ Afronta Impiedosa (Comentado)
19/ Sonhando (Comentado)
23/ Quanto Tempo nos Resta? (Comentado)
30/ O Palhaço (Comentado)
33/ O Beijo de Jesus (Comentado)
35/ Natal dos meus Sonhos (Comentado)
46/ Jardim sem Flores (Comentado)
48/ O Vira-lata (Comentado)
51/ Repouso no Sítio (Comentado)
52/ Tédio
63/ Sublimação (Comentado)
64/ Solidão (Comentado)
93 Restou uma Poesia

Quadra
95/ Veritas (Comentado)

Sextilhas
96/ Delírios de Maio (Comentado)
102/ Natal na Rua da Miséria (Comentado)



ESPECIAIS JOSÉ ANTONIO JACOB



PPS Clique no seu Poeta
(Magnífica declamação do artista português José Bento)

O Sono de Pensar
(Poema em versos livres)

Site Cenário de Sentimentos

AVSPE José Antonio Jacob
Homenagem da poetisa Tere Penhabe
(Acróstico Poético)
(Apresentação de Maria Granzoto da Silva)

Resposta ao Passado
(Especial ArtCulturalBrasil)

Mémória de Bibelô
(especial ArtCulturalBrasil)

Além da Porta
(Vídeo de Dorival Campanelle)



TRAILER JOSÉ ANTONIO JACOB

Trailer 1


POESIA DE BOLSO - Ed. ArtCulturalBrasil/2011


O Livro
Índice do Poesia de Bolso

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Sonetos

7/ Desenho (Comentado)
8/ Sonho de Papel (Comentado)
9/ Florzinha (Comentado)
10/ Impulsão (Comentado)
11/ Bolhas de Sabão (Comentado)
12/ Fim de Jornada (Comentado)
13/ Amor -Próprio Ferido
14/ A Dança dos Pares Perdidos
15/ Afronta Impiedosa (Comentado)
16/ Almas Primaverais
17/ Casinha de Boneca
18/ Nós Somos Para Sempre
19/ Sonhando (Comentado)
20/ Faltas e Demoras
21/ Velho Órfão
22/ Silêncio em Casa
23/ Quanto Tempo nos Resta? (Comentado)
24/ Enigma
25/ Despercebimento
26/ Porta-retratos
27/ Roseiras Dolorosas
28/ Sonho Quebrado
29/ O Espelho
30/ O Palhaço (Comentado)
31/ Varal de Luzes
32/ História sem Final
33/ O Beijo de Jesus (Comentado)
34/ Musa do Ano Novo
35/ Natal dos meus Sonhos (Comentado)
36/ O Ano Bom do Bom Fantasma
37/ Domingo em Casa
38/39/ Elogio à dor do Desamor I e II
40/ Almas sem Flores
41/ Crença
42/ Além da Porta
43/ Alminha
44/ Carretéis
45/ Os Afogados
46/ Jardim sem Flores (Comentado)
47/ Mudança
48/ O Vira-lata (Comentado)
49/ Revelação
50/ O Vendedor de Bonequinhos
51/ Repouso no Sítio (Comentado)
52/ Tédio
53/ Crepúsculo de uma Árvore
54/ Noite Fria
55/ Oração do Descrente
56/ Não Despertes Sonhos Nos Meus Dias
57/ Falsidade
58/ Renascer
59/ Poodle
60/ Prisioneiro
61/ A Mãe e a Roseira
62/ A Saudade Sempre Pede Mais
63/ Sublimação (Comentado)
64/ Solidão (Comentado)
65/ Esperança Morta
66/ A Aurora da Velhice
67/ Mãos nos Bolsos
68/ Figurinhas
69/ História Boa
70/ Soneto para o Poeta Triste
71/ Minha Senhora
72/ Soneto de Natal
73/ O Pai e a Terra
74/ Minha Mãezinha
75/ Brinquedo
76/ Alegoria
77/ Almas Raras
78/ Angústia
79/ As Formigas
80/ Velhice Feliz
81/ Na Poltrona
82/ Oração do Dia dos Pais
83/ Ócio e Solidão
84/ A Prece do Capuchinho
85/ Último Delírio
86/ Canção do Rio
87/ O Verso Único
88/ Páscoa
89/ De Volta aos Quintais
90/ Amada Sombra que Persigo
91/ Eu Creio Sim!
92/ Coelhinho da Páscoa
93 Restou uma Poesia
94/ Meu Presépio

Quadra
95/ Veritas (Comentado)

Sextilhas
96/ Delírios de Maio (Comentado)
100/101/ Passeio na Cidade
102/ Natal na Rua da Miséria (Comentado)
104/105/ Uma Temporada na Roça
106/ O Fantasma que mora em meu Sofá
108/ Filhos de Minas



ESPECIAIS JOSÉ ANTONIO JACOB



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(Poema em versos livres)

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Homenagem da poetisa Tere Penhabe
(Acróstico Poético)
(Apresentação de Maria Granzoto da Silva)

Resposta ao Passado
(Especial ArtCulturalBrasil)

Mémória de Bibelô
(especial ArtCulturalBrasil)

Além da Porta
(Vídeo de Dorival Campanelle)



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Poesia de Bolso - Ed. ArtCulturalBrasil/2011